Você sabe o que é pectus? Muita gente talvez não conheça esse nome, mas já ouviu os nomes populares desta condição: peito de pombo (nome popular do Pectus Carinatum) ou peito de sapateiro (que na verdade se chama Pectus Excavatum).
Pelos nomes populares, talvez você já tenha deduzido que o pectus, então, trata-se de uma deformidade da caixa torácica, que ocorre por conta do crescimento anormal das cartilagens das costelas que acabam empurrando ou pressionando o esterno (osso longo e achatado que fica na frente do tórax).
A deformidade recebe o nome de Pectus Carinatum quando projetada para fora de forma exagerada. No caso contrário, Pectus Excavatum, forma-se um afundamento no peito do paciente.
Cerca de 1% da população mundial apresenta algum tipo de pectus, e a maioria dos casos acontece em homens. Vamos conhecer melhor cada um dos tipos e os problemas — tanto físicos quanto emocionais e sociais — que eles podem causar.
Pectus Carinatum
O tipo de pectus menos comum é o que projeta a caixa torácica (osso esterno e das costelas) para frente. A deformidade pode ser notada desde o nascimento, como uma pequena protuberância arredondada.
Pectus Carinatum – Fonte: Scielo
Conforme a criança cresce, essa deformidade torna-se mais evidente: aos dois ou três anos de idade, o esterno começa a projetar-se para fora. O ápice do problema costuma chegar no início da adolescência, entre 11 e 13 anos. O nome popular, “peito de pombo”, vem justamente do aspecto protuberante do peitoral, como nos pombos.
O Pectus Carinatum não costuma causar nenhum problema de saúde, caracterizando apenas como um problema estético. Porém, em casos mais raros, a rigidez da parede torácica prejudica a capacidade pulmonar da pessoa e a resistência dela na prática de exercícios físicos.
Pectus Excavatum
O afundamento da caixa torácica é o tipo de pectus mais comum e também o que pode trazer problemas que vão além da aparência: por empurrar o esterno para dentro, este quadro pode comprimir os pulmões e o coração, ou até mesmo deslocar o coração mais para o lado esquerdo, o que configura uma situação mais delicada, capaz de comprometer a fisiologia do organismo.
Pectus Excavatum – Fonte: Scielo
O Pectus Excavatum também se faz presente desde a infância, ainda que de maneira muito discreta. Conforme a criança cresce, a deformidade acaba ficando mais pronunciada, especialmente no período da puberdade. O apelido “peito de sapateiro” faz alusão ao ato de, antigamente, os sapateiros apoiarem calçados, calços e pequenas bigornas no peito para martelar, o que deixaria a região afundada.
Por pressionar alguns órgãos da caixa torácica, o pectus excavatum pode gerar problemas de saúde. Entre os mais comuns estão a dor retroesternal, fadiga em excesso, dispneia (desconforto respiratório) e palpitações.
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Impactos sociais e emocionais
Além de analisarmos a questão física da deformação da caixa torácica, devemos prestar atenção também no impacto que o pectus pode ter na autoestima de uma pessoa. O indivíduo acaba tendo vergonha do próprio corpo, e isso pode afetar drasticamente suas relações sociais ao longo da vida.
Uma pessoa desconfortável com o próprio corpo tende a tornar-se reprimida socialmente. Ela vai evitar esportes em grupo e viagens à praia para não expor o corpo diante de outras pessoas. Vai ter problemas para se envolver amorosamente por vergonha.
Em resumo, o pectus pode trazer muitos impactos psicológicos para a vida da pessoa. Isso pode ser agravado pela postura de muitos médicos, que dizem para o paciente “aceitar a deformidade”, uma vez que ela não necessariamente afeta a saúde física…mas sem dúvida deixa marcas permanentes na saúde mental.
Tratamentos de pectus
Ambos os tipos de pectus podem ser tratados cirurgicamente, mas é comum as pessoas tentarem formas menos invasivas de corrigir a deformação.
Entre as formas de tratamento não cirúrgicas, destacam-se a fisioterapia e a utilização de coletes especiais, que fazem pressão controlada no tórax para tentar remodelar a deformidade. Para casos de pectus excavatum também existe o vacuum bell, uma espécie de ventosa que cria pressão para “puxar” a estrutura óssea para fora.
Vacuum Bell – Fonte: Acervo Pessoal Adrian Schner
Esses tratamentos nem sempre são definitivos: em muitos casos, eles acabam servindo como preparação para a cirurgia, que é o que pode resolver o problema em definitivo. É o médico especialista quem deve avaliar o caso e orientar o paciente sobre quais métodos ele deve utilizar.
Cirurgias para pectus
Atualmente, existem dois principais procedimentos cirúrgicos para tratar casos de pectus:
- Cirurgia de Ravitch: o médico faz um corte no peito do paciente, retira o excesso de cartilagem do osso esterno e reposiciona as costelas corretamente.
- Cirurgia de Nuss (apenas para casos de pectu excavatum): neste método menos invasivo, são feitos dois pequenos cortes nas paredes laterais do tórax. Então, é inserida uma barra curva de metal, que cruza internamente o tórax e é utilizada para “empurrar” o esterno para fora.
Quando operar?
É consenso que nenhum procedimento cirúrgico deve ser feito em pacientes com menos de cinco anos, uma vez que isso pode ocasionar anomalias no crescimento do tórax.
Geralmente, a cirurgia de pectus é realizada a partir dos 12 anos, época em que o problema se torna mais evidente e pode comprometer o convívio social do paciente. Muitas vezes, ele já tentou métodos menos invasivos (fisioterapia ou coletes) sem sucesso e busca uma forma mais eficaz de se livrar do problema.
Considerando toda a questão psicológica que vimos, a cirurgia pode não só resolver a deformidade física, como transformar completamente a vida do paciente, que recupera sua autoestima e livra-se dos complexos. Obviamente, tudo deve ser feito mediante a análise de um profissional.
Você já conhecia os tipos de pectus? Para saber mais, clique aqui.