O mistério e mesmo a insegurança em relação a cirurgia robótica é grande. Muitas pessoas acabam relacionando-a com a inteligência artificial e acreditam que ter apenas o robô basta para a realização dos procedimentos. Mas a verdade é outra.
Quando iniciei minha carreira na área torácica, as cirurgias por vídeos estavam dando seus primeiros passos, o que foi um grande desafio e ponto de motivação para mim. Nos últimos anos, outro cenário apareceu à minha frente e mais um vez quis encarar e buscar especialização na tecnologia utilizada nas cirurgias robóticas. Tudo isso com o intuito de oferecer um resultado melhor aos meus pacientes.
Desde então realizo esses procedimentos em Hospitais do estado do Paraná e São Paulo. Nesse período recebi e continuo recebendo diversos questionamentos em relação a cirurgia robótica, não apenas dos pacientes mas da sociedade em geral. E entre essas perguntas, costumo escutar três coisas que considero mitos sobre esse procedimento e que você precisa conhecer a verdade.
1) “O robô opera sozinho?”
Como eu disse no começo do artigo, a confusão entre robótica e inteligência artificial é muito comum e, por causa dela, as pessoas acreditam que não é necessário nada mais além do robô. Mas não é bem por aí. O robô é apenas um instrumento para a cirurgia, como um bisturi extremamente mais tecnológico. Para que ele cumpra seu papel, é necessário sim um médico capacitado, com treinamento exclusivo e intensivo, e uma boa capacidade para fazer o diagnóstico.
2) “Dr. Cirurgia por vídeo e com robô são a mesma coisa?”
Não. A cirurgia por vídeo, conhecida como cirurgia laparoscópica ou toracoscópica, tem o apoio de uma câmera de fibra óptica de visão 2D, com alta resolução, que mostra ao médico o local em que ele deve agir. A operação toda é feita, de fato, pelas mãos do médico e com instrumentos normais(de movimentação de menor amplitude).
Já a operação robótica tem o apoio de uma câmera mais moderna, com tecnologia 3D, que permite ao médico ver todo o campo cirúrgico, com total noção de profundidade. Além dessa melhoria visual, a instrumentação é feita por meio das mãos robóticas, que são operadas por meio de um console, simulando os movimentos da mão humana, o que permite ao médico ser mais preciso nos movimentos, cortes e suturas.
3) “Ah, já que tem mais tecnologia o tempo da cirurgia robótica é menor”
Não necessariamente. No caso da cirurgia torácica, que é a minha especialidade, o tempo de operação varia conforme a complexidade de cada caso. O que diferencia é o tempo de recuperação do paciente. Com os cortes menores e a precisão da técnica robótica, o sangramento é menor, a quantidade de anestésicos ou remédios para a dor no pós-operatório também, e o tempo de internação, consequentemente, é reduzido, assim como o período para cicatrização,possibilitando um retorno precoce às suas atividades diárias.
No Brasil ainda existem poucos profissionais habilitados para operar por meios de robôs desenvolvidos para essa finalidade. Para você ter ideia, há um pouco mais de 40 cirurgiões torácicos . Por isso, diariamente busco novas maneiras de me capacitar ainda mais nessa área, para oferecer às pessoas um método cirúrgico cada vez mais seguro e menos invasivo.
Quais outros mitos você já escutou sobre a cirurgia robótica? Comente aqui abaixo para debatermos.